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Renata Mendonça recebe apoio no esporte após ataque do presidente do Flamengo

Fonte(s): F5, Terra, MarieClaire, GamaRevista 3 leituras
Renata Mendonça recebe apoio no esporte após ataque do presidente do Flamengo
O Globo

Famosos e profissionais do esporte manifestaram apoio público à comentarista Renata Mendonça após uma fala do presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, durante um evento do clube. Conhecido como Bap, o dirigente se referiu à jornalista do Grupo Globo como “a nariguda da Globo”, expressão que gerou forte repercussão nas redes sociais e levou atletas, ex-jogadores, colegas de imprensa e outras personalidades esportivas a se posicionarem em solidariedade à comentarista.

A reação expôs o lugar que Renata ocupa hoje no jornalismo esportivo brasileiro. Aos 35 anos, ela trabalha há cinco anos no Grupo Globo, comentando jogos na TV aberta, no SporTV e no Premiere. Além da atuação na televisão, Renata é colunista de esporte em um grande jornal e é cofundadora do Dibradoras, portal criado em 2015 para ampliar a visibilidade e a voz das mulheres no esporte, especialmente no futebol feminino. Antes de chegar à Globo, teve passagens por ESPN Brasil e BBC, consolidando uma trajetória marcada pela defesa de mais espaço para mulheres dentro e fora de campo.

No Dibradoras, projeto que criou ao lado de Angélica Souza e Roberta Nina Cardoso, Renata se dedica a contar histórias de atletas e a discutir estrutura, investimento e desigualdade no futebol feminino. As fundadoras relatam que o Campeonato Brasileiro feminino só passou a existir em 2013 e que a premiação na competição só começou a ser paga a partir de 2017, o que ilustra o atraso histórico em relação ao futebol masculino. Em entrevistas, Renata e as parceiras destacam que a nova onda feminista que ganhou força a partir de 2015 tem provocado mudanças também no esporte, com mais cobrança por investimentos, visibilidade e respeito às profissionais.

Renata Mendonça recebe apoio no esporte após ataque do presidente do Flamengo
Gama Revista - UOL

Essa discussão se intensificou com a maior exposição das Copas do Mundo femininas. Para a Copa da França, por exemplo, Renata e as colegas do Dibradoras apontaram que nunca havia existido tanto investimento e atenção ao futebol de mulheres, citando ações que envolveram até algumas das principais personalidades de outros países, como membros da família real britânica e ex-jogadores, na convocação de seleções. Ao mesmo tempo, elas lembram que, apesar do talento e dos resultados em campo, a seleção brasileira feminina historicamente conviveu com falta de apoio, o que ficou evidente em campanhas como a de 2007, quando o time chegou à final, mas esbarrou na ausência de estrutura equivalente à das rivais.

A ofensa dirigida à comentarista ocorre em um cenário em que mulheres vêm, aos poucos, ocupando postos de maior visibilidade na cobertura esportiva. Renata integra um grupo de novas comentaristas que passaram a analisar futebol masculino em grandes transmissões, seguindo o caminho aberto por pioneiras na televisão aberta. Em entrevistas sobre essa experiência, ela costuma ligar sua presença nas cabines às pautas que discute em colunas e no Dibradoras, como racismo, representatividade LGBTQ+ e a necessidade de tratar temas sociais também dentro do campo, e não apenas em espaços paralelos ao jogo.

A mobilização em torno do ataque a Renata Mendonça indica que a disputa por respeito às mulheres no ambiente do futebol segue em curso e tende a se intensificar. A reação de atletas, comunicadores e outras figuras públicas amplia a pressão sobre dirigentes e instituições esportivas por mudanças de postura e por ambientes mais inclusivos. A expectativa é que episódios como esse reforcem o debate sobre responsabilidade de quem ocupa cargos de comando e fortaleçam a presença de mais mulheres em posições de análise, decisão e protagonismo no esporte brasileiro.

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