O universo do entretenimento vive ao mesmo tempo a expectativa pelo desfecho de Stranger Things e a celebração de 25 anos de O Grinch, dois títulos que se tornaram símbolos em épocas distintas e em contextos bem diferentes. Enquanto a série de ficção científica e terror da Netflix se prepara para seu grande final com clima de superprodução, o clássico natalino protagonizado por Jim Carrey chega ao marco de um quarto de século como um dos filmes de fim de ano mais marcantes da cultura pop, apesar de ter enfrentado bastidores conturbados que quase custaram a permanência do ator no projeto.
Stranger Things se consolidou como um fenômeno global desde a estreia, entrando no Top 10 da Netflix em 93 países monitorados pela plataforma, com a quarta temporada ultrapassando a marca de um bilhão de horas assistidas. Mesmo com a popularidade, os criadores Matt e Ross Duffer já bateram o martelo: não haverá continuação após a quinta temporada, que encerra a trajetória do grupo de adolescentes de Hawkins em meio a tramas de terror, ficção científica e referências estéticas e de figurino aos anos 1980. A personagem Eleven, por exemplo, se tornou um dos rostos mais reconhecíveis da cultura pop recente, símbolo da mistura entre drama adolescente, poderes sobrenaturais e ambientação oitentista que definiu a identidade da série.
Na reta final, a Netflix decidiu dar formato quase cinematográfico à conclusão. O Volume 2 de Stranger Things chega ao serviço com três episódios no dia 25 de dezembro, sempre às 22h, no horário de Brasília. O capítulo derradeiro, por sua vez, estreia separadamente em 31 de dezembro, também às 22h, fechando o ano com o encerramento definitivo da história. A empresa ainda programou exibições simultâneas em 500 salas de cinema espalhadas pela América do Norte, mas o público brasileiro ficará de fora dessa experiência, já que, no país, todos os capítulos finais serão disponibilizados exclusivamente no streaming.
Enquanto o futuro de Hawkins se resolve, O Grinch revisita seu passado ao completar 25 anos de lançamento. A produção de 2000 dirigida por Ron Howard adaptou para o cinema o livro Como o Grinch Roubou o Natal, de Theodor Seuss Geisel, o Dr. Seuss, e levou às telas a pequena cidade de Quemlândia, localizada dentro de um floco de neve que vaga pelo espaço. O filme acompanha o rabugento ser verde que odeia o Natal e tenta arruinar a data, até que imprevistos e encontros com os moradores locais mudam o rumo de seus planos. Ao longo dos anos, a obra se consolidou como presença recorrente na programação natalina, transformando o visual do personagem, com pelos verdes e expressão amarga, em um ícone das festas de fim de ano.
Nos bastidores, porém, a jornada de Jim Carrey no papel é lembrada como um dos casos mais extremos de transformação física em Hollywood. Para alcançar o visual fiel às ilustrações originais de Dr. Seuss, a equipe liderada pelo maquiador Rick Baker criou um figurino e uma maquiagem que cobriam completamente o ator de pelos verdes e próteses faciais. Segundo Carrey, para fazer o personagem parecer o Grinch, foi necessário deslocar a ponta do nariz para a ponte, deixando o resto totalmente coberto, o que o impedia de respirar normalmente e o obrigava a atuar respirando apenas pela boca durante toda a filmagem. A combinação do figurino pesado e da dificuldade para respirar transformou o trabalho em um processo tão exaustivo que o ator chegou a querer devolver o cachê, estimado em mais de R$ 110 milhões, e abandonar o projeto logo no primeiro dia.
Apesar das dificuldades enfrentadas no set, O Grinch se tornou um grande sucesso comercial e segue popular a cada fim de ano. No agregador de críticas Rotten Tomatoes, o longa registra 49% de aprovação da crítica e 59% do público, números que mostram uma recepção dividida, mas suficiente para manter o filme em evidência e conquistar gerações de espectadores. A atuação de Jim Carrey, marcada por expressões faciais exageradas e energia em cena, é frequentemente apontada como o principal destaque da produção e ajudou a fixar o personagem no imaginário natalino contemporâneo. Para o público, a combinação entre um clássico de Natal consolidado e o desfecho de uma das séries mais populares da era do streaming cria um fim de ano marcado por nostalgia, maratona de episódios e a expectativa por um encerramento à altura do impacto cultural dessas histórias.