Tecnologia

Empresas brasileiras aceleram investimentos em tecnologia e miram salto de produtividade com inteligência artificial

Fonte(s): InfoMoney, Valor, G1 2 leituras
Empresas brasileiras aceleram investimentos em tecnologia e miram salto de produtividade com inteligência artificial
Monitora

Empresas brasileiras de diferentes portes e setores estão ampliando de forma consistente seus investimentos em tecnologia para aumentar produtividade, eficiência operacional e competitividade. Levantamento recente com 3,6 mil organizações em 15 países mostra que 79,3% dos empresários no Brasil pretendem elevar em 20% ou mais seus aportes em tecnologia nos próximos três a cinco anos, e 80% das companhias dizem reconhecer que a adoção de tecnologias avançadas é fator-chave para o sucesso futuro. Nesse horizonte, 74% das empresas brasileiras esperam registrar ganho de produtividade superior a 20%, apostando sobretudo em inteligência artificial, machine learning, automação de processos e integração de sistemas.

O movimento se apoia em dados objetivos sobre a digitalização em curso. Segundo o IBGE, cerca de 89% das empresas industriais brasileiras utilizaram tecnologias digitais avançadas em 2024, como análise de big data, computação em nuvem, inteligência artificial, internet das coisas, manufatura aditiva e robótica. O percentual era de 84,9% em 2022. O destaque é a inteligência artificial: 41,9% das indústrias declararam usar IA em suas atividades em 2024, um salto de 25 pontos percentuais em relação a 2022, o que representa crescimento de 163,2% no período. Em paralelo, consultorias de tecnologia apontam que orçamentos de TI têm se expandido e se pulverizado dentro das empresas, com decisões que já não se concentram apenas na área de tecnologia, e com prioridade para nuvem, hiperautomação e soluções voltadas à experiência do cliente.

Na prática, os investimentos se concentram em automação de tarefas repetitivas e de baixo valor agregado, criação de processos mais eficientes e definição de indicadores-chave de desempenho capazes de monitorar ganhos reais. Em 2023, projeções de mercado indicavam avanço de 8,7% no consumo de tecnologia da informação pelas empresas no país, com crescimento geral de 6,2% da TI brasileira e expansão superior a 30% na computação em nuvem em relação a 2022. Segmentos de infraestrutura e plataforma como serviço somariam cerca de US$ 4,5 bilhões, com a nuvem pública passando a responder por mais da metade da infraestrutura digital. Setores como financeiro, saúde, indústria e varejo lideram a corrida, buscando automação, segurança, integração de sistemas e melhor experiência para o cliente; entre pequenos negócios, 43% dos proprietários declararam ter passado a investir em novas tecnologias em 2024 para elevar produtividade e eficiência, e outros 35% manifestaram intenção de atualizar processos e infraestrutura.

Empresas brasileiras aceleram investimentos em tecnologia e miram salto de produtividade com inteligência artificial
EPA Estratégia para Ação

O avanço, porém, não ocorre sem tensões e desafios. Especialistas em gestão e tecnologia observam movimentos simultâneos de busca por maior digitalização e novas fontes de receita, ao mesmo tempo em que cresce a pressão por segurança e otimização de custos, o que exige refinar a gestão do uso de computação em nuvem e selecionar com rigor quais projetos priorizar. Consultores em transformação digital destacam ainda que o principal gargalo não é apenas técnico: muitas empresas investem pesado em ferramentas, mas negligenciam a formação de pessoas capazes de usar a inteligência artificial para gerar valor concreto para o negócio. Estudos recentes apontam que organizações que capacitam suas equipes para trabalhar lado a lado com a IA dobram as chances de capturar valor de negócio, enquanto a ausência de programas estruturados de treinamento e desenvolvimento já aparece como um dos maiores entraves à implementação bem-sucedida dessas tecnologias.

Nas relações de trabalho, o impacto se traduz em mudanças na gestão e no cotidiano dos profissionais. Levantamentos sobre o ambiente corporativo em 2025 indicam que a adoção de soluções digitais, o avanço do home office e o uso massivo de inteligência artificial na gestão do trabalho se consolidaram como tendência. Empresas que antes resistiam à digitalização vêm investindo em plataformas que integram controle de jornada, gestão de desempenho, segurança e saúde ocupacional, numa lógica de adaptação a novos modelos produtivos. Ao mesmo tempo, líderes empresariais e especialistas em cultura organizacional afirmam que, para que a tecnologia eleve de fato a qualidade do trabalho, é preciso amadurecer processos, rever padrões e incorporar rotinas de aprendizado contínuo.

Para o cidadão e para a economia, os efeitos dessa transformação se manifestam em aumento potencial de produtividade, mudanças na qualificação exigida, oferta de novos serviços e maior digitalização do consumo. No curto prazo, empresas devem seguir ampliando o uso de IA, automação e nuvem, ao mesmo tempo em que ajustam gastos, criam métricas de retorno e estruturam programas de capacitação. A expectativa de executivos e analistas é que, nos próximos três a cinco anos, se consolide um ciclo em que ganhos expressivos de eficiência dependam menos apenas do volume de investimento em tecnologia e mais da capacidade de integrá-la à estratégia, à gestão de pessoas e à organização do trabalho.

Compartilhar

Relacionadas