A integração entre saúde física e mental vem ganhando força na medicina, ao mesmo tempo em que dados recentes mostram que a maior parte dos brasileiros ainda não consegue manter uma rotina mínima de exercícios. Embora estudos indiquem que o cuidado com o corpo e com a mente faça parte de um mesmo sistema, com impacto direto na prevenção de doenças crônicas e transtornos emocionais, apenas 41% dos trabalhadores no país dizem praticar atividade física pelo menos uma vez por semana, de acordo com levantamento nacional recente.
O dado faz parte do Check-up de Bem-Estar 2025, realizado com 11,6 mil profissionais de 250 empresas de grande porte. O estudo aponta queda na prática de atividade física entre trabalhadores brasileiros em um momento em que se fala cada vez mais em bem-estar, qualidade de vida e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A pesquisa indica que, mesmo com o aumento da oferta de programas corporativos de saúde, academias conveniadas e ações de incentivo, a inatividade continua predominando na rotina da maioria.
Paralelamente, médicos e pesquisadores reforçam que não há mais como separar corpo e mente quando se fala em saúde. Doenças que se manifestam no organismo, mas têm forte componente emocional, e quadros psiquiátricos que pioram em função de problemas físicos levam a medicina a adotar uma abordagem integrada. Nesse contexto, a atividade física regular aparece como um dos principais pontos de convergência, já que contribui para reduzir o risco de obesidade, hipertensão e diabetes e, ao mesmo tempo, ajuda no controle de ansiedade e depressão.
Especialistas em bem-estar destacam que o sedentarismo, sobretudo entre pessoas em idade produtiva, tende a aumentar a ocorrência de doenças cardiovasculares, metabólicas e transtornos mentais ao longo dos anos. Eles explicam que exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular melhoram a circulação sanguínea, regulam hormônios ligados ao estresse e estimulam neurotransmissores associados ao prazer e à sensação de equilíbrio emocional. Por isso, cresce a orientação para que consultas médicas incluam avaliação do nível de atividade física e encaminhamento para práticas adequadas ao perfil de cada paciente.
Na vida prática, a baixa adesão aos exercícios impacta diretamente o dia a dia do trabalhador brasileiro. A falta de movimento se reflete em mais cansaço, piora da qualidade do sono, aumento de dores musculares e queda de produtividade, além de maior probabilidade de afastamentos por problemas de saúde. Por outro lado, quem consegue manter uma rotina, ainda que com poucos dias por semana, tende a relatar mais disposição, melhor humor e maior capacidade de lidar com pressões no ambiente de trabalho e na vida pessoal.
Os próximos passos passam por ampliar políticas de incentivo à atividade física em empresas, escolas e espaços públicos, bem como fortalecer a orientação de profissionais de saúde para que o exercício seja tratado como parte do tratamento e da prevenção. Especialistas defendem que pequenas mudanças na rotina, como caminhar regularmente, subir escadas e reservar alguns minutos do dia para se movimentar, podem ajudar a reverter o quadro. A expectativa é que, com mais informação e estruturas de apoio, a prática de exercícios deixe de ser exceção e se torne hábito para uma parcela maior da população brasileira.