Bem-estar e Saúde

Saúde mental ganha centralidade no Brasil e acende alerta para dependência química e rotina de cuidados

Fonte(s): GZH, G1, Metropoles, Terra 1 leituras
Saúde mental ganha centralidade no Brasil e acende alerta para dependência química e rotina de cuidados
IFC Videira

A saúde mental assumiu o topo das preocupações de saúde dos brasileiros e passou a ser tratada como tema central na vida cotidiana, em meio ao crescimento de transtornos relacionados ao uso de substâncias e ao estresse. Levantamentos recentes indicam que 52% da população apontam a saúde mental como a principal questão na área, à frente de doenças como o câncer e de problemas ligados ao estresse, num movimento que se intensificou nos últimos anos e acompanha tendência observada em outros países. Ao mesmo tempo, especialistas alertam que a dependência química, o consumo abusivo de álcool, drogas e tabaco e a dificuldade em lidar com pressões diárias formam hoje um dos maiores desafios de saúde pública.

No campo específico das drogas, médicos classificam a dependência química como uma doença que atinge todas as classes sociais de maneira semelhante e definem o problema como um dos grandes temas de saúde pública deste século. Estimativas apontam que 12% dos brasileiros apresentam transtorno por uso de álcool, enquanto de 4% a 5% têm transtorno por consumo de outras drogas e 13% são dependentes de tabaco. Psiquiatras com longa experiência em tratamento de jovens relatam que o início precoce do consumo, especialmente na adolescência, aumenta o risco de dependência e de prejuízos escolares, profissionais e emocionais. Segundo esses especialistas, a intervenção precoce, quando o problema ainda está no começo, oferece chances consideradas “fantásticas” de recuperação, e o maior desafio é reconhecer rapidamente os sinais de que algo não vai bem.

A crescente atenção à saúde mental também aparece no modo como as pessoas passam a observar o próprio bem-estar psíquico. Pesquisas internacionais mostram que 74% dos brasileiros dizem pensar com muita frequência sobre seu bem-estar mental, colocando o país entre os primeiros no ranking global. A preocupação é ainda mais forte entre mulheres, com 60% delas apontando o tema como principal questão de saúde, contra 44% dos homens. Especialistas destacam que o aumento da visibilidade do assunto não ocorre de forma isolada no Brasil: em média, entre 30 países avaliados, a parcela da população que cita saúde mental como maior preocupação na área da saúde também cresceu de forma acentuada nos últimos anos, o que indica uma mudança de mentalidade em escala global.

Saúde mental ganha centralidade no Brasil e acende alerta para dependência química e rotina de cuidados
Intimus

Ao mesmo tempo em que a percepção sobre a importância do tema cresce, médicos e psicólogos defendem mudanças cotidianas acessíveis como forma de proteção. Profissionais consultados por veículos especializados em saúde mental ressaltam que ajustes pequenos, mas consistentes, na rotina ajudam a reduzir o estresse, organizar emoções e tornar o dia a dia mais leve. Entre as orientações, ganha destaque a construção de hábitos físicos básicos saudáveis, como manter refeições equilibradas ao longo do dia. De acordo com psiquiatras, uma alimentação que evita longos períodos de jejum e dietas extremamente restritivas contribui para estabilizar a energia, prevenir oscilações bruscas de humor e melhorar a clareza mental, ao passo que rotinas muito irregulares de alimentação ativam mecanismos de estresse no organismo e prejudicam o bem-estar emocional.

Especialistas em saúde mental também chamam atenção para a necessidade de uma cultura que valorize o cuidado emocional de forma ampla, envolvendo famílias, escolas, ambientes de trabalho e serviços de saúde. Para profissionais que atuam na área, quando o sono, o descanso e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional não são tratados como prioridade, a tendência é de aumento de quadros de ansiedade, irritabilidade, uso de substâncias e esgotamento, com impacto direto na produtividade, na criatividade e na qualidade de vida. Em contraste, ambientes que estimulam o autocuidado e oferecem suporte adequado facilitam o pedido de ajuda, reduzem o estigma associado a transtornos mentais e favorecem a busca por tratamento.

A expectativa de quem acompanha o tema é que a combinação entre maior consciência da população, oferta de informação qualificada e intervenções precoces leve a uma mudança concreta nos próximos anos. Profissionais defendem o fortalecimento de políticas públicas de prevenção ao uso de álcool e outras drogas, ampliação do acesso a serviços de saúde mental e campanhas permanentes sobre hábitos de cuidado, alimentação, sono e organização da rotina. A tendência é que a saúde mental permaneça no centro do debate em saúde, com atenção especial a grupos mais vulneráveis, como adolescentes e mulheres, enquanto se aguardam novos levantamentos, programas de prevenção e estratégias de cuidado integradas ao sistema de saúde.

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